terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O Espelho de Cleópatra



As Jornadas do GAMNA são desta vez subordinadas ao tema "Mulheres da Antiguidade". A conferência de 17 de Março tem o tema "A emergência do Império Novo no Egipto e as grandes esposas reais" e vai ser conduzida por Luís Manuel de Araújo, professor da área História e Cultura Pré-Clássica - Egiptologia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

16 a 19 de Março de 2010
Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa
Entrada livre

Bem que podia haver destas coisas noutros pontos do país...

domingo, 21 de fevereiro de 2010

A descoberta dos segredos da família do rei Tutankhamon

Tradução da Nota de Imprensa publicada no blog de Zahi Hawass a 20 de Fevereiro

A análise do ADN e a tomografia computadorizada da múmia do faraó da XVIII dinastia, Tutankhamon (ca. 1333-1323 aC), e de múmias tidas como membros da sua família directa revelaram novas e surpreendentes provas acerca da linhagem do jovem rei e da causa da sua morte. Um resultado adicional do novo estudo, no qual foi possível utilizar efectivamente a análise do ADN em antigas múmias egípcias pela primeira vez, é o facto de que várias múmias previamente não identificados podem agora ter nomes. Estes estudos foram realizados por cientistas egípcios e consultores internacionais enquanto parte do Projecto Família de Tutankhamun, sob a liderança do Dr. Zahi Hawass. As conclusões foram publicadas pelo JAMA, Journal of the American Medical Association, na sua edição de 17 de Fevereiro de 2010 (Volume 303, n.º. 7).



A múmia da "Velha Senhora", do mesmo túmulo, pode agora ser conclusivamente identificada como a avó de Tutankhamon, a Rainha Tiye. Há uma nova luz sobre a causa da morte de Tutankhamon com a descoberta do ADN do parasita causador da malária: é provável que o jovem rei tenha morrido de complicações decorrentes de uma forma grave da doença.

O nome e os tesouros de Tutankhamon são famosos em todo o mundo. Ele subiu ao trono enquanto criança e governou o Egipto quase dez anos, no final da XVIII Dinastia, durante um período - há mais de 3000 anos - em que o Egipto controlava um vasto império. Os seus antecessores imediatos no trono egípcio foram Amenhotep III e Akhenaton, filho de Amenhotep III, por via da rainha Tiye. Akhenaton é lembrado como primeiro monoteísta do mundo. Ele e a sua bela esposa Nefertiti abandonaram o panteão anteriormente adorado pelos egípcios em prol do disco do Sol, Aton, fecharam os grandes templos do estado e mudaram a capital cerimonial do país de Tebas, no sul do Egipto, para o remoto sítio agora conhecido como El-Amarna.
O fim da vida de Akhenaton está envolto em mistério mas, imediatamente ou alguns anos após a sua morte, Tutankhamon tomou o trono. Pelo segundo ano do seu reinado, ele começou a movimentar o tribunal de volta para a tradicional capital religiosa de Tebas e a restabelecer a velha religião.

Durante décadas, desde a
espectacular descoberta feita por Howard Carter do seu túmulo intacto no Vale dos Reis em 1922, os estudiosos têm debatido a filiação de Tutankhamon, sendo os principais candidatos propostos Amenhotep III, Akhenaton, e um rei chamado Smenkhkare, sobre o qual quase nada se sabe mas que parece ter governado ainda durante ou logo após o fim do reinado de Akhenaton. As possíveis mães mais citadas na literatura egiptológica são a grande esposa de Amenhotep III, Tiye, uma das esposas de Akhenaton ou a rainha de Smenkhkare, provavelmente filha de Akhenaton e Nefertiti.
Para explorar essa questão, o Projecto Família de Tutankhamon estudou a múmia de Tutankamon e dez outras múmias tidas como estreitamente relacionadas com ele. Foram incluídas as múmias dos pais da rainha Tiye, Yuya e Tjuya; a múmia de Amenhotep III; uma múmia masculina anónima encontrada em KV55, no Vale dos Reis; material do Túmulo Real da capital de Akhenaton, Amarna; duas múmias femininas anónimas - a "Velha Senhora" e a "Jovem Senhora", escondidas juntamente com os corpos de vários faraós do Novo Império e suas famílias no túmulo de Amenhotep II, no Vale dos Reis (KV 35); duas múmias femininas anónimas provenientes de um pequeno túmulo sem inscrições que se pensa serem duas rainhas da XVIII Dinastia (KV21A e KV21B). Um grupo de cinco múmias reais de um período anterior foi usado como grupo de controlo.


A análise primária foi realizada no laboratório de ADN (dedicado ao ADN antigo) recém-construído no Museu Egípcio do Cairo, doado ao projecto pela Discovery. Dois tipos de análise de ADN foram realizados em amostras colhidas de ossos das múmias: análise de sequências específicas de ADN nuclear do cromossoma Y, que é passado directamente de pai para filho, para estudar a linha paterna; e a impressão digital genética do ADN autossómico do genoma nuclear, que não decide directamente o sexo de uma pessoa. Para confirmar os resultados de ADN, as análises foram repetidas e independentemente replicadas num laboratório de ADN antigo recém-equipado por um grupo separado de pessoal. As tomografias foram realizadas com uma unidade TAC móvel multicorte C130 KV, 124-130 ms, 014-3 mm de espessura de corte, Siemens Somatom Emotion 6, doada para o projecto pela Siemens e pela National Geographic Society.
Tanto a análise do cromossoma Y como as impressões digitais genéticas foram realizadas com sucesso e permitiram a criação de uma linha de cinco gerações de parentes do jovem rei. A análise prova de forma conclusiva que o pai de Tutankhamon era a múmia encontrada em KV55. A TAC desta múmia aponta para uma idade entre 45 e 55 anos na altura da morte. A maioria dos estudos forenses anteriores tinham indicado uma idade de 20-25 anos, o que seria demasiado jovem para Akhenaton, que subiu ao trono já adulto e governou por 17 anos. A nova TAC prova que esta múmia é quase certamente o próprio Akhenaton, como as evidências egiptológicas do túmulo há muito têm sugerido. Apoiando esta linhagem, o ADN também traça uma linha directa de Tutankhamon, através da múmia de KV55, com o pai de Akhenaton, Amenhotep III. O ADN mostra que a mãe da múmia de KV55 é a "Velha Senhora" de KV35. Esta múmia é a filha de Yuya e Tjuya e, assim, definitivamente identificada como esposa de Amenhotep III, a grande Rainha Tiye.
Outro resultado importante da análise de ADN é que a "Jovem Senhora" de KV35 foi positivamente identificada como mãe de Tutankhamon. O projecto ainda não é capaz de identificá-la pelo nome, embora os estudos de ADN revelem que ela era filha de Amenhotep III e Tiye e, portanto, irmã de Akhenaton. Assim, os únicos avós de Tutankamon, dos lados paterno e materno, foram Amenhotep III e Tiye.

Dois fetos nado-mortos foram mumificados e encontrados escondidos numa câmara do túmulo de Tutankamon. Análises preliminares de ADN suportam a hipótese de que eram filhos do jovem rei. Esta análise sugeriu também que uma múmia conhecida como KV21A, uma mulher real cuja identidade era completamente desconhecida, como sendo a mãe mais provável dessas crianças e, assim, a esposa de Tutankamon. Como a única consorte conhecida de Tutankhamon era Ankhsenamun, filha de Akhenaton e de Nefertiti, um estudo mais aprofundado desta múmia deverá ajudar a compreender melhor as relações complexas dentro desta família.
O projecto estudou cuidadosamente as tomografias computorizadas da família em busca de doenças hereditárias, como a síndrome de Marfan e ginecomastia/síndrome de craniossinostose, que tinham sido anteriormente postuladas com base em representações na arte egípcia. Não foram encontradas evidências de qualquer destas doenças e, como tal, as convenções artísticas seguidas pela família real do período de Amarna foram, provavelmente, escolhidas por motivos religiosos e políticos.
Outro resultado importante dos estudos de ADN foi a descoberta de material de Plasmodium falciparum, o protozoário causador da malária, no corpo de Tutankhamon. Géneros alimentícios medicamentosos (ou seja, medicamentos para combater a febre e dor) encontrados dentro do túmulo corroboram a afirmação da equipa de que o jovem rei sofria de uma infecção grave de malária. A TAC revelou também que o rei tinha um pé defeituoso, devido a necrose óssea avascular. Esta conclusão é apoiada egiptologicamente pela presença de mais de cem bengalas no túmulo e por imagens do rei praticando actividades como a caça sentado. O projecto acredita que a morte de Tutankhamon foi provavelmente consequência da malária em conjunto com a sua constituição fraca em geral. A tomografia computorizada do faraó confirmou anteriormente a presença de uma ruptura não cicatrizada no osso da coxa esquerda do rei. A equipa especula que o estado debilitado do rei pode ter levado a uma queda, ou que a queda enfraqueceu a sua já frágil condição física.
Mais informações:
Dig Dias - Rei Tut era o Filho de Akhenaton

*Creio que a própria nota de imprensa foi escrita de uma forma algo... macarrónica, pelo que a tradução me parece um pouco estranha em algumas partes. Preferi resistir à tentação de a reescrever totalmente à minha maneira (o que não foi fácil!). Peço desde já desculpa se considerarem errónea a tradução de qualquer nomenclatura para português, tentei fazer algumas opções dentro daquilo que vou conhecendo mas ainda tenho algum caminho a percorrer nesse assunto.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Egipto: novo esforço legislativo para proteger o património


É uma notícia de ontem que me parece bastante importante,
pois estima-se que actualmente o tráfico de antiguidades seja o mercado marginal mais lucrativo depois do tráfico de droga e de armas (dados da Interpol).


Cairo, 2 Fev (Prensa Latina) A Assembleia Popular do Egipto, câmara baixa do Parlamento, aprovou uma lei controversa sobre antiguidades que visa regulamentar a protecção do património e do seu comércio ilegal, anunciaram hoje os meios de comunicação oficiais.


O texto foi aprovado após intenso debate no órgão legislativo, que contou com a participação persuasiva do Secretário-Geral do Conselho Supremo de Antiguidades (CSA) do Egipto, o arqueólogo Zahi Hawass.

Segundo o Presidente do Parlamento, Ahmed Fathi Sorour, todos os deputados e autoridades governamentais afirmaram a vontade de preservar os interesses do país em matéria de património, reconhecendo mal-entendidos entre políticos e autoridades culturais.

Depois de considerar como distorções as reportagens jornalísticas que alegadamente classificaram esta legislação como uma ameaça aos monumentos egípcios, Hawass defendeu o documento, cujo artigo oitavo proíbe o comércio ou qualquer outra forma de venda de antiguidades se não houver autorização por escrito da CSA.

A lei também prevê que o Conselho tem o direito de retirar uma antiguidade ao proprietário, a troco de uma "compensação razoável".

O principal ponto de controvérsia no Parlamento centrou-se na definição de antiguidade, que a nova legislação descreve como sendo qualquer coisa antiga que date de há mais de 100 anos e seja considerada como tal com base no seu valor artístico e histórico.

ocs/ucl

Fonte: Prensa Latina

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Fim-de-semana egiptológico em Cantábria, Espanha

Fica a sugestão de um passeio diferente por terras de "nuestros hermanos".


A Associação Amigos da Egiptologia de Cantábria organiza o 2.º Fim-de-Semana Egiptológico nos dias 18, 19 e 20 de Fevereiro, na Casa da Cultura de Villapresente (Reocín).

Programa

18 de Fevereiro (Quinta-Feira)

19h30 - Inauguração da exposição "Napoleão Bonaparte no Egipto", que se debruça sobre a expedição francesa à Terra dos Faraós e sobre a obra do séc. XIX "Description de l´Égipte". A exposição pode ser visitada até 21 de Março, de Terça a Sábado e das 17 às 21 horas.

19 de Fevereiro (Sexta-Feira)

19h30 - Conferência "Napoleão Bonaparte no Egipto, o início da Egiptologia" com Manuel Abeledo Tascón, fundador e presidente da Associação.

20 de Fevereiro (Sábado)

19h30 - Conferência "A paisagem do Antigo Egipto através das escavações de Saqqara e do Ramesseum" com Victoria Asensi Amorós

Todas as actividades são gratuitas.

Mais informações em:

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Curso de Iniciação ao Egipto Ptolomaico

É já no próximo fim-de-semana, no Museu Nacional de Arqueologia (Lisboa).

Eu vou!